Estudo sobre Apocalipse 4
Nesse
capítulo, a palavra-chave é "trono", usada sete vezes. Na verdade, o
relato todo usa-a 38 vezes. Apocalipse deixa claro que o trono de Deus, não o
dos homens, governa o universo. Veja Salmos 103:19.
I.
O chamado do trono (4:1)
Esse
é um retrato vivido do arrebatamento da igreja. O versículo 1:19 apresenta um
resumo divino do relato de Apocalipse, da mesma forma que agora estamos para
ver "o que deve acontecer depois destas coisas". A partir de 4:1,
todo o relato é profético. O utra evidência de que a igreja não passará pelo
período da tribulação é o fato de, nesse ponto, João ser arrebatado. Observe
como a experiência dele assemelhasse ao arrebatamento da igreja: (1) o céu abre-se
para receber os filhos de Deus; (2) há uma voz como de uma trombeta (1 Ts 4:16;
1 Co 15:52); (3) é um acontecimento repentino; (4) acontece no fim da "era
da igreja" (caps. 2— 3); (5) introduz João na sala do trono do céu; (6)
sinaliza o início do julgamento de Deus sobre o mundo. Vejamos as diferentes portas
de Apocalipse: (1) a porta do serviço (3:8); (2) a porta fechada diante de
Cristo (3:20); (3) a porta para o céu (4:1); e (4) a porta fora do céu (19:11).
II.
A glória do trono (4:2-3)
A
pessoa sentada no trono é Deus Pai, já que as tochas de fogo (4:5) representam
o Espírito, e, em 5:6, o Filho vem para o trono. João usa pedras preciosas como
símbolos da glória do Pai. Õ jaspe é uma pedra límpida que fala da pureza de
Deus; o sardônio é vermelho e refere-se à ira e ao julgamento do Senhor; e a esmeralda
é verde,, cor associada à graça e à misericórdia. Encontramos todas essas
pedras no peitoral do sumo sacerdote (Êx 28:17-21).
Há
um arco-íris cor de esmeralda, o que nos leva a Gênesis 9:11-17, em que Deus
fez sua aliança com a humanidade e a natureza de que não destruiria de novo o
mundo com água. O arco-íris refere-se à promessa
do Senhor e a sua aliança de misericórdia. O trono de Deus ainda é
misericordioso (veja Hc 3:2) em sua ira, apesar de estar para enviar um
julgamento terrível sobre a humanidade. Apocalipse 10:1 apresenta Cristo com o
arco-íris sobre a cabeça, pois a graça e a misericórdia vieram ao mundo por
intermédio dele. Noé viu apenas um arco no céu, mas João viu o arco-íris completo
em volta do trono. Hoje, não vemos a misericórdia total de Deus, pois
"vemos como em espelho, obscuramente" (1 Co 13:12); todavia, quando
chegarmos ao céu, veremos o todo.
III.
Os anciãos em volta do trono (4:4)
Há
diversas razões para que esses anciãos não sejam anjos: (1) nunca vimos anjos
sentados em tronos; (2) nem com coroas; (3) em 7:11, há distinção entre anciãos
e anjos; (4) em 5:8-10, os anciãos entoam um hino de louvor e não há registro
de anjos cantando; (5) no cântico, eles dizem que foram redimidos, algo que os
anjos não podem dizer; (6) em 5:12, os anjos falam, e, em 5:9, o anciãos
cantam; (7) os anjos nunca foram contados (Hb 12:22); (8) o nome
"ancião" significa maturidade, e os anjos são seres eternos.
Vinte
e quatro sacerdotes serviram no templo do Antigo Testamento (1 Cr 24:3-5,1 8 e
Lc 1:5-9). É provável que esses anciãos representem os santos arrebatados que
reinam, em glória, com Cristo. Os tronos estavam vazios quando Daniel os viu postos
(Dn 7:9; e não subjugados), porém João os vê ocupados porque, agora, o povo de
Deus foi chamado para casa. Somos reis e sacerdotes com ele (1:6).
IV.
O trono lança o julgamento (4:5a)
O
versículo 5 não descreve um trono de graça, mas de julgamento. Trovões e
relâmpagos são avisos de que a tempestade está para chegar! No Sinai, Deus
lançou trovões e relâmpagos quando deu a Lei (Êx 19:16) e o fará de novo quando
for julgar os que violaram a Lei (veja SI 29 e 77:18). O Senhor usou esse método
para avisar o Egito (Êx 9:23-28) e também avisará este mundo perverso da mesma
maneira. Veja Salmos 9:7.
V.
O objetos diante do trono (4:5b-11)
A. As tochas de fogo
Representam
o Espírito Santo (1:4) que é o Espírito purificador (Is 4:4). Cristo tem a
plenitude do Espírito, pois sete é o número da plenitude (3:1). Durante essa
era de graça, representa-se
o Espírito como uma pomba da paz (Jo 1:29-34); mas o Espírito ministrará um
julgamento de fogo após o arrebatamento da igreja.
B. O mar de vidro
Aqui,
temos um templo celestial semelhante ao do Antigo Testamento (veja 11:19 e Hb
9:23). As sete tochas de fogo correspondem aos sete candelabros; o mar de
vidro, ao mar de fundição; e o trono, à arca da aliança de onde Deus reinou em
glória. Apocalipse 6:9-11 indica que no céu há um altar de sacrifício, e 8:3-5,
que também há um para incenso. Os 24 anciãos referem-se aos sacerdotes do
templo, e os seres viventes, aos querubins bordados nas cortinas. Veja 1 Reis
7:23-27 em relação ao "mar" (ou bacia) do templo. O mar celestial retrata
a santidade de Deus; o fogo, seu julgamento do pecado por causa de sua
santidade.
C.
Os seres viventes
Quatro
é o número da terra; portanto, aqui, temos a aliança de Deus com a criação.
Leia
Gênesis 9:8-13 e veja a aliança que o Senhor fez com a humanidade, com as aves,
com os animais domésticos e selvagens; eles estão representados na face de cada
ser vivente. Deus deu ao homem o domínio sobre a criação, porém o homem
perdeu-o por causa do pecado (Gn 1:28-31; SI 8). Todavia, esse domínio será
reconquistado quando o reino for estabelecido; veja Isaías 11:6-8 e 65:25. Os
quatro seres viventes (símbolos da criação) diante do trono de Deus mostram que
ele controla a criação e que, um dia, cumprirá sua promessa de libertá-la do
pecado (Rm 8:19-24).
Esses
quatro seres viventes são uma combinação dos serafins de Isaías 6 com as
criaturas de Ezequiel 1 e 10. Os seres viventes não têm nome. Em Apocalipse
4:7, cada ser
vivente tem quatro faces que correspondem às quatro da visão de Ezequiel. Esses
seres diante do trono louvam, glorificam e honram a Deus. O salmo 148 mostra
como todas as criaturas louvam ao Senhor. É uma tragédia que o mundo
pecador se recuse a louvá-lo.
Os
anciãos juntam-se ao louvor e colocam a coroa diante do trono. A coroa deles
representa o prêmio pelos serviços prestados enquanto estiveram na terra.
Perceberemos, de uma maneira nova, que todo louvor pertence a Deus e somente a
ele. O versículo 11 apresenta a primeira das diversas doxologias de Apocalipse.
Aqui, as criaturas celestiais louvam a Deus porque ele é o Criador de todas as
coisas. Em 5:9-10, os seres viventes e os anciãos louvam-no por causa da
redenção por intermédio do sangue de Cristo, pois até a criação é redimida pela
cruz. Em Apocalipse 11:16-19, o céu Iouva-o por ser o Juiz que punirá o mundo
por seus pecados com justiça.
Agora,
o cenário está montado: a igreja foi arrebatada para o céu, o Senhor está
assentado no trono, todas as criaturas do céu louvam-no e esperam o
derramamento de sua ira. E interessante notar que essa passagem usa o nome de
"Senhor Deus, o Todo-Poderoso" (4:8). A história registra que esse
era o título oficial do imperador Domiciano, responsável pela perseguição que
levou João para Patmos. Os homens e as mulheres podem honrar a si mesmos, mas
chegará o dia em que todos — pequenos e grandes — reconhecerão que Jesus Cristo
é o Senhor de todos e de tudo.
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