Estudo sobre Apocalipse 2
Essa
passagem exalta as mãos e os pés de Cristo: ele conserva as estrelas (os
mensageiros das igrejas) e anda em meio às igrejas em julgamento (candeeiros).
Ele inicia com Éfeso, a cidade mais próxima de Patmos e grande centro
comercial. O imperador libertara Éfeso, e esta recebeu o título de
"metrópole suprema da Ásia". Sua construção mais importante era o
grande templo de Diana, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Ele tinha
129,5 metros de comprimento por 67 de largura e 18 de altura, com grandes
portas duplas e 127 pilares de mármore, alguns cobertos com ouro. A adoração a
Diana era a "imoralidade religiosa" em seu pior aspecto. Leia Atos
19— 20.
A
igreja efésia tinha obras, trabalho e paciência —, mas faltava-lhe amor por
Cristo. Em contraste a isso, a igreja tessalonicense foi recomendada pela
"operosidade da [sua] fé, [pel]a abnegação do [seu] amor e [pel]a firmeza
da [sua] esperança" (1 Ts 1:3). O que conta não é o que fazemos para
Cristo, mas o motivo e o incentivo que nos impulsionam. A igreja efésia era
ativa e tinha padrões espirituais elevados. Seus membros não suportavam
"homens maus" e não escutavam os falsos mestres. O trabalho fora
difícil, mas eles não esmoreceram. Do ponto de vista humano, era uma igreja
bem-sucedida sob todos os aspectos. Algumas igrejas ativas de hoje, com sua
programação intensa e seus trabalhadores fatigados, se encaixam nessa
descrição.
Todavia,
o Homem que estava no meio das igrejas viu o que faltava à igreja efésia: ela
abandonara [não perdera] seu primeiro amor Gr 2:2). A igreja local é casada com
Cristo (2 Co 11:2), e sempre há o risco do amor esfriar. Às vezes, ficamos, como
Marta, tão ocupados com o trabalho para Cristo que não temos tempo para amá-lo
(Lc 10:38-42). Cristo preocupa-se mais com o que fazemos com ele do que com o
que fazemos por ele. O trabalho não substitui o amor. A igreja efésia era bem-sucedida
para o público, mas falhara para Cristo.
Ele
aconselha-a: "Lembra-te [...], arrepende-te e volta à prática das
primeiras obras" (v. 5). Se voltarmos ao nosso primeiro amor, repetiremos nossas
primeiras obras, aquelas obras de amor que marcaram nosso primeiro encontro com
Cristo. O candeeiro da igreja será removido, se ela não voltar à condição de
coração correta. A igreja local deve brilhar como uma luz no mundo. A luz se
apaga sem amor verdadeiro por Cristo.
Jesus
elogia essa igreja por odiar as obras dos nicolaítas. O nome grego "Nicolau"
significa "conquistar o povo". Ele se refere ao desenvolvimento da
classe sacerdotal (clerical) na igreja que deixa de lado os crentes comuns. Ao
mesmo tempo que deve haver liderança pastoral na igreja, não deve haver
distinção entre "clérigos" e "leigos", em que os primeiros
assumem ares arrogantes e dominam os últimos.
II.
Esmirna: a igreja sofredora (2:8-11)
Observe
como cada descrição de Cristo volta ao retrato de 1:13-16 e refere-se a uma
necessidade especial da igreja específica. Cristo lembra a igreja de Esmirna de
seu sofrimento, morte e ressurreição porque ela é perseguida (2:8). Esmirna
significa "amargo" e relaciona-se com a palavra "mirra". A
pessoa pensa no aroma liberado por causa da pesada perseguição. A igreja sempre
é mais pura e aromática quando passa por períodos de sofrimento.
Cristo
não critica essa igreja. Os santos eram fiéis, apesar do sofrimento. Ele
pensavam ser pobres, mas eram ricos, em contraste com a laodicense, que pensava
ser rica e era pobre (3:17). Os falsos cristãos (da "sinagoga de Satanás";
Jo 8:44; Fp 3:2) blasfemavam (caluniavam) os santos. Satanás está por trás de toda
perseguição, mesmo a realizada em nome da religião. Cristo avisa-os de que
terão mais perseguição pela frente; talvez os "dez dias" (v. 10)
refiram-se às dez grandes perseguições que a igreja sofreu nos séculos iniciais
de sua existência. Satanás vem como leão e tenta devorar (1 Pe 5:8), mas a
perseguição apenas fortalece a igreja.
O
inimigo matará o corpo, porém os santos não precisam temer a segunda morte, que
é o inferno (20:14; 21:8). Os que nasceram duas vezes morrerão apenas uma vez.
Aqueles que nasceram apenas uma vez morrerão duas vezes.
III.
Pérgamo: a igreja mundana (2:12-17)
Pérgamo
significa "casado", e essa igreja casou-se com algumas doutrinas e
práticas erradas. Ela apresentava três problemas sérios:
A. O trono de Satanás (v. 13)
Essa
passagem refere-se às "seitas misteriosas" da Babilônia que
estabeleceram seus "quartéis-generais" em Pérgamo. Entre elas, estava
a adoração ao imperador, que exerceu um papel importante nessa cidade pagã.
B. A doutrina de Balaão (v. 14; veja também Nm 2 2
—25)
Balaão
foi um profeta mercenário que levou o povo de Israel ao pecado em troca de
riqueza e de prestígio. Ele encorajou Israel a adorar ídolos pagãos e
incentivava a prostituição. A igreja de Pérgamo casara=se com o mundo a fim de
conseguir vantagens mundanas.
C.
A doutrina dos nicolaítas (v. 15; veja também v. 6)
O
que se iniciou como "obras" em uma igreja, agora estabelece-se como doutrina
em outra. Essa igreja dividiuse entre "sacerdotes" e
"pessoas".
IV.
Tiatira: a igreja impenitente (2:18-29)
Os
olhos de fogo e os pés de bronze vêem e julgam, mas essa igreja perversa não se
arrepende. A igreja tinha obras, serviço e perseverança, mas estava cheia de
pecado. Nessa passagem, temos Jezabel, a rainha perversa, esposa do rei Acabe
(1 Rs 16— 2 Rs 10), a única mulher mencionada nas sete cartas. Ela era pagã, filha
de um sacerdote de Baal, e promoveu a adoração a este em Israel. Ela era
culpada de "prostituição" e de "feitiçaria [...]" (2 Rs
9:22) e também de idolatria, assassinato, fraude e de se declarar profetisa. E
a igreja de Tiatira seguia o exemplo e a liderança dela!
Veja
que essa falsa profetisa da igreja usava doutrinas falsas para seduzir (enganar)
o povo de Deus. Ela deu-lhes licença para pecar (veja 2 Pe 2 e Jd). A tragédia
é que, embora Deus lhe dê oportunidade, ela não se arrepende. Nunca é tarde para
a igreja se arrepender e voltar ao Senhor, porém devemos estar atentos para não
perder as oportunidades oferecidas por Deus.
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